8 de out. de 2008

Endorfina

Pedalar pela cidade na hora do rush proporciona prazeres sublimes. Algo sádico, meio forra por centenas de horas em engarrafamentos ordinários, meio vingança pelo espírito de porco dos motoristas brasileiros.

O deleite de passar direto por entre os carros parados sugere um torpor de super-homem. Um gozo místico com vento na cara. Isso sem falar no êxtase de ultrapassar um ônibus que havia te espremido na sarjeta 5 quadras atrás.

É catártico. Xingar de perto um velho que não dá seta ou uma madame que joga uma gimba de cigarro pela janela libera endorfina. O taxista que quase te mata ao abrir a porta do carro sem olhar no retrovisor também merece um ”filho da puta!” relaxante. E assim esvaem-se os demônios da alma pedalante.

O foda é que as chuvas já vão começar e ciclista acaba virando comédia de quem acha que estar seco é motivo de orgulho. Meu conselho é que eles olhem pra frente. Frear atrasado pode ser fatal com a pista molhada.

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