Pedalar pela cidade na hora do rush proporciona prazeres sublimes. Algo sádico, meio forra por centenas de horas em engarrafamentos ordinários, meio vingança pelo espírito de porco dos motoristas brasileiros.
O deleite de passar direto por entre os carros parados sugere um torpor de super-homem. Um gozo místico com vento na cara. Isso sem falar no êxtase de ultrapassar um ônibus que havia te espremido na sarjeta 5 quadras atrás.
É catártico. Xingar de perto um velho que não dá seta ou uma madame que joga uma gimba de cigarro pela janela libera endorfina. O taxista que quase te mata ao abrir a porta do carro sem olhar no retrovisor também merece um ”filho da puta!” relaxante. E assim esvaem-se os demônios da alma pedalante.
O foda é que as chuvas já vão começar e ciclista acaba virando comédia de quem acha que estar seco é motivo de orgulho. Meu conselho é que eles olhem pra frente. Frear atrasado pode ser fatal com a pista molhada.
8 de out. de 2008
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