29 de set. de 2008

- Revisitando máximas 01

Um homem que é um homem, para experimentar a plenitude de sua existência, precisa cumprir 3 tarefas na vida:

- Escrever um Blog.
- Tentar manter um Bonsai de supermercado.
- Fazer doações para o Criança Esperança.

26 de set. de 2008

Rede desorganizada

Quem começa a juntar lixo em casa adquire uma paranóia. Nunca mais joga fora uma reles embalagem de catchup. Não é nada mal. Só fica grave quando começa a olhar torto e reclamar com a mãe do amigo que tava misturando resto de comida com saco de pão.

Mas não acontece só com recicláveis. Outro dia eu fiquei uns 5 minutos com um resto de maçã na mão até achar um matinho na rua pra jogar. Quanto lancei do carro aquela promessa de adubo, uma menina que vinha atrás começou a buzinar e a piscar farol me recriminando. Coitada! Essa já era.

Na minha casa eu separo tudo numa sacola gigante que eu pego na Drogaria Araújo. Compro um shampoo e peço pra menina do caixa. Sempre deu certo. Quando a sacola enche, eu coloco na rua junto com o lixo. Pouca gente sabe, mas existe uma rede desorganizada de coleta seletiva em todos os bairros. Pouco antes de o lixeiro passar, os catadores fuçam os montes de lixos e pegam o que lhes convém. Eu descobri isso e deixo a sacolona lá pra eles. Facilita.

Outro dia o cara pegou a minha sacolona e escolheu só o que ele queria. Queria a latinha, mas não queria a caixa de pizza. Queria a garrafa PET, mas não queria o saco de pão. E deixou o resto esparramado na calçada, sujeira que os lixeiros não catam. Caralho! O cara junta recicláveis o dia inteiro e não tem consciência ambiental.

24 de set. de 2008

Crime organizado

Durante a noite, tem esses guardadores de carro que são uma das neo-profissões urbanas mais polêmicas. Todo mundo comenta, fica puto, conta um caso e pragueja a vida dos sujeitos. E olha que pouca gente sabe o que rola pra se conseguir o direto de explorar o ponto e extorquir aquela notinha de 2 reais, na melhor das hipóteses. O crime é organizado.

De dia é um pouco diferente. Todo mundo fez sua treta, ganhou seu ponto, mas é outra história. Acho que eles encaram o trabalho mais profissionalmente e respeitam mais o cliente. Em muitos casos, até ampliam o serviço. Tem uns que guardam a chave pra formar uma quadrilha com o motorista e fraudar o Rotativo. Tem outros que lavam os carros. E lavar dá muito mais grana. 15 reais por dentro e por fora.

Aqui na minha área cada um comanda a sua rua e faz combinação com alguma loja ou condomínio pra conseguir a água. Não sei se eles pagam ou se ganham. Só sei que tem um dos caras que é o mais descarado. Ele pega água daquelas torneiras que ficam no meio da calçada debaixo de uma tampa de ferro. Chega todo dia cedo e fecha duas vagas com cones pra receber o carro dos clientes. Espalha os materiais pela calçada sem cerimônia, liga a mangueira e dale espuma. Parece que o serviço é bom.

Outro dia vi uma moça esbravejando que ele não era o dono da rua. Afastou os cones e parou o carro no meio sem dó. Ela ficou com o carro lá o dia inteiro e nem pediu pra lavar. O carro tava sujo pra caralho.

23 de set. de 2008

Amor no chão

O cara mora perto do meu trabalho. Toda noite ele reveza de chão pra não parecer que tomou conta do lugar. Tem dia que dorme na agência de intercâmbio. Tem dia que dorme na loja de decoração. Tem dia que dorme no salão de beleza. O armário onde ele guarda as coisas é que é sempre o mesmo. Fica tudo em cima de uma das árvores da calçada: uma espuma amarela enrolada dentro de um saco de lixo preto, um trapo de cobertor e algumas peças de roupa. Ninguém vê. Todo mundo passa olhando pra baixo pra não pisar no cocô dos cachorros das madames. O lugar é cheio de merda, mas nem fede; cachorrinho ali só come ração de primeira.

O cara não tem os dentes da frente e namora uma muda que usa roupa de mulher doida. De vez em quando ela aparece depois do expediente e fica esperando ele recolher os trocados dos carros que ainda não foram pra casa. Acho que eles devem jantar e dormir juntos depois. Deve ser o dia que ele escolhe o melhor chão pra estender a espuma amarela.